sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Inteligência organizacional e competitiva: Uma obra que vale a pena ler

Kira Tarapanoff (organizadora). Inteligência organizacional e competitiva Brasília : Editora UnB, 2001. 344p.


Prof. Dr. Kira Tarapanoff I; José Angelo R. Gregolin II

I) PhD in Information Science, Sheffield University, UK, Senior Researcher, Departamento de Ciência da Informação e Documentação, Universidade de Brasília
II) Coordenador Institucional, Núcleo de Informação Tecnológica em Materiais da UFSCar, Professor da Universidade Federal de São Carlos



A obra apresenta a inteligência organizacional e competitiva de uma maneira teórica e conceitual que a torna um importante apoio para cursos de pós-graduação, para a estruturação de sistemas de informação e também para os interessados em geral. É dada ênfase à abordagem e revisão de modelos e metodologias voltados para o planejamento, administração e tomada de decisão nas organizações, dentro do contexto da nova ordem mundial, econômica e social dos dias atuais, tendo a informação como principal recurso e caracterizando-se como uma "sociedade da informação" (ou economia do conhecimento). Pela sua densidade e abrangência de tópicos e conceitos interdisciplinares, é um livro para leitura e releituras, abrindo a possibilidade para absorver os conhecimentos sob vários ângulos e em profundidade progressiva.

É uma obra pioneira em termos brasileiros pela combinação original de uma abordagem mais detalhada sobre os conceitos das organizações e sua interconexão com a inteligência competitiva e com a gestão de informação e do conhecimento. Também é bastante importante pela contribuição para a disseminação e construção da inteligência competitiva no Brasil. No prefácio do livro, o professor Henri Dou, da Universidade francesa Aix Marseille III, ressalta o valor dessa obra justamente por expressar um pensamento brasileiro, ajudando a construir uma inteligência brasileira que leve em conta o passado, as mentalidades, os meios e a cultura do país, indo além das habituais traduções, que, embora tenham seu valor específico, não tratam das características do Brasil.

A organizadora e co-autora, doutora Kira Tarapanoff, professora da Universidade de Brasília, é uma das precursoras brasileiras da inteligência competitiva no Brasil, atuando como consultora nessa área. Os demais nove co-autores, especialistas de empresas, universidades e instituições governamentais, são os seguintes: Alberto Sulaimam Sade Jr., Eduardo Moresi, Henrique Flávio Rodrigues Silveira, Jano de Morieira de Souza, Maria Fátima Ludovico Stollenwerk, Patrícila Marie Jeanne Cormier, Roberto Campos da Rocha Miranda, Rogério Henrique de Araújo Jr., Rosângela Gomes da Nóbrega.

No início do livro, há uma listagem de sites ligados à área, e, ao final, encontra-se um glossário, ambos bastante úteis para consultas. As referências bibliográficas são apresentadas ao final de cada capítulo e se constituem em ricas fontes validadas para o conhecimento sobre a diversidade de tópicos ligados à Inteligência Competitiva. Na contracapa e nas orelhas, são apresentadas manifestações sobre a importância da Inteligência no Brasil por Vinicius Lummertz, diretor técnico do Sebrae Nacional, Renato de Oliveira, secretário da Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, e Luc Quoniam, adido científico no Consulado Francês em São Paulo, diretor do Cendotec e importante parceiro das instituições disseminadoras da inteligência competitiva no Brasil.

Na Parte I do livro, é apresentado um referencial teórico, que se inicia pela revisão consistente, reflexiva e crítica dos fundamentos e modelos de estudo sobre as organizações e as mudanças na sociedade da informação, incluindo as incertezas do ambiente associadas às novas tecnologias, ao novo ambiente empresarial, às novas estruturas empresariais e à nova ordem geopolítica.

Há uma abordagem importante sobre o monitoramento ambiental, revisando a evolução, os principais fatores a considerar, os processos envolvidos, os profissionais, as posturas, as percepções, práticas e modelos, dentre outros aspectos. A seguir, são apresentados os principais conceitos da gestão da informação e do conhecimento, interconectando o ambiente (e o monitoramento ambiental) com a ambiência interna das organizações, abordando o valor da informação e sua inserção no processo decisório organizacional, modelos e estruturas ambientais de informação nas organizações.

Como finalização do Referencial Teórico (Parte I), são revistos os conceitos e modelos da gestão do conhecimento, incluindo as definições básicas, etapas dos processos (identificação, captura, seleção e validação, organização e armazenagem, compartilhamento, aplicação, criação do conhecimento organizacional), fatores facilitadores (liderança, cultura organizacional, tecnologia de informação, medição e recompensa), sendo ressaltada a importância da aprendizagem organizacional para a operacionalização.

Na Parte II, são apresentadas revisões sobre os métodos e técnicas empregados na inteligência competitiva e no monitoramento ambiental para dar suporte às decisões nas organizações, englobando as Forças de Porter, Fatores Críticos de Sucesso, SWOT, Balanced Scorecard, Benchmarking, Data Mining e Data Warehouse, entre outros.

A multiplicidade e diversidade de métodos e técnicas apresentados evidencia o desafio da plena operacionalização da inteligência competitiva e do monitoramento ambiental associado, além da importância da integração dessas áreas com a gestão da informação e do conhecimento nas organizações, como postulado no livro, para o aproveitamento das sinergias.

Embora grande parte dos métodos mais importantes para a inteligência competitiva estejam devidamente apresentados, algumas ausências devem ser mencionadas. Por exemplo, não há uma abordagem específica das técnicas para análise do perfil de concorrentes (empresas e dirigentes de empresas), e seria também interessante maior realce de como analisar o elemento humano e sua dinâmica no processo decisório, na inteligência competitiva e na gestão do conhecimento. Também não são abordados métodos de inteligência tecnológica, gestão e prospecção tecnológica (análise de patentes, Delphi, análise de portfólio de projetos tecnológicos etc.), que podem ser relevantes no contexto da inovação tecnológica. A opção editorial do livro em enfatizar os conceitos, teorias, modelos, métodos e técnicas deixa espaço para o surgimento de novas obras que abordem casos práticos brasileiros de implantação e funcionamento da inteligência competitiva. Também serão muito proveitosas novas obras que tratem em profundidade das fontes de informação para inteligência competitiva no contexto brasileiro, bem como os diversificados métodos e processos analíticos e sua aplicação.

No seu conjunto, esta obra é um dos trabalhos mais completos e importantes para o avanço da inteligência organizacional e competitiva no Brasil, sendo recomendável para dirigentes e profissionais de empresas e instituições, para professores e estudantes universitários interessados e que precisam aplicar a inteligência competitiva nas organizações, atuantes em áreas como inteligência competitiva, gestão do conhecimento, ciência da informação, tecnologia da informação, administração, planejamento, estratégia, marketing, engenharia, pesquisa e desenvolvimento e outras.





Endereço para correspondência
Prof. Dr. Kira Tarapanoff
E-mail: kat309@unb.br

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Quanto vale a sua empresa?

Júlio Simões compra Lubiani. Tegma compra Boni GATX. Ultracargo compra Petrolog. TNT compra Mercúrio. Ceva Logistics compra EGL. Etc, etc, etc.
Em um mercado aonde contamos com cerca de 26.500 empresas de transportes que têm mais de 5 caminhões, o número de fusões e aquisições pode parecer insignificante. Mas, diante das recentes transações no mercado de logística e transportes em todo o mundo, muitos profissionais da área têm se perguntado: quanto vale a minha empresa ou a empresa aonde trabalho?
A valorização da empresa pode ser encarada sob dois aspectos: o primeiro leva em conta os tradicionais princípios contábeis, e atrela o valor da empresa aos ativos e passivos existentes. Trata-se de uma visão antiquada, parcial, cada vez mais em desuso, mas importante, que é complementada por uma visão mais ampla, que considera o fluxo de caixa futuro e o valor de bens intangíveis (godwill), como a marca da empresa e a fidelidade dos Clientes. Essa nova visão incorpora conceitos como o valor presente líquido (VPL) e a taxa interna de retorno (TIR).
Porém, por mais que queiramos criar uma fórmula financeira “mágica” para a valorização de empresas, diversos outros fatores interferem na apuração de seu valor de venda.
A situação atual da empresa afeta os critérios de avaliação, e consequentemente, o seu valor de venda. Uma empresa pouco ou nada lucrativa, tende a ser sub-valorizada e avaliada apenas sob o ponto de vista contábil. Uma empresa lucrativa ou com potencial para tal, tende a apresentar um valor mais próximo da realidade, e muitas vezes acima de seu valor de mercado.
A situação da empresa a ser vendida também influencia o processo de valorização das empresas de uma outra forma. Se existe “pressa” ou necessidade urgente de venda, os valores se situarão bem abaixo do seu real valor de mercado.
Também influi nesse processo de valorização das empresas o ciclo de vida dos produtos comercializados. No caso da logística, ainda nos encontramos nos primórdios de seu desenvolvimento, caminho ainda para um processo de maturidade, portanto, as empresas tendem a apresentar valores maiores, dado o potencial futuro de rentabilidade.
A lei da oferta e procura também gera impacto sobre o valor das empresas; uma empresa “disputada” tende a apresentar um ágio significativo.
Um outro fator que interfere nessa avaliação é o motivo da aquisição ou fusão. Quando se trata de uma transação motivada pela necessidade de se expandir o leque de serviços ou a área de atuação geográfica, os preços pagos tendem a ser maiores. Em casos em que as negociações ocorrem apenas para ampliar volumes dentro do mesmo negócio, sem acrescentar novas competências, os valores são mais realistas e a compra norteada por critérios bastante racionais.

Outros fatores, menos comuns, poderão influenciar o processo de valorização das empresas, como a morte de um sócio, a necessidade de dissolução da sociedade por motivos pessoais ou profissionais, etc.
Lembre-se, que o comprador sempre terá uma postura otimista para o negócio em vista, portanto, fatores qualitativos ou quantitativos que melhorem essa percepção, influenciarão diretamente nos valores envolvidos.